domingo, 22 de janeiro de 2012

Informações ao Paciente que está sob Tratamento Quimioterápico para Tumores de Cabeça e Pescoço


O que é Quimioterapia?

É uma forma de tratamento que o médico lança mão para destruir, reduzir ou controlar as células cancerosas através de medicamentos contra o
câncer, desde que o paciente já tenha seu diagnostico firmado e confirmado. A quimioterapia tem cada vez mais sido utilizada pois pode ser associada a outros tratamentos, como a cirurgia, a radioterapia, a imunoterapia e a hormonioterapia.

 

Como os medicamentos contra o câncer funcionam?

As células normais de nosso corpo se dividem a todo momento; sempre que possível, de uma forma
organizada, "disciplinada" e respeitando as células vizinhas. Esse controle decide quando a célula normal deve-se dividir e quando esta célula deve parar de se dividir. Na pessoa saudável as células se multiplicam sempre com uma finalidade, como por exemplo, reparar tecidos após um ferimento, substituir células danificadas, produzir em maior quantidade alguma substância que esteja sendo requisitada, etc. No câncer, esse controle não existe e essas células dividem-se sem organização ou "disciplina", sem nenhuma necessidade ou utilidade para o indivíduo, gerando várias células sem controle e esse conjunto de células origina o tumor.

Os medicamentos procuram eliminar estas células que estão fora de controle

O que são metástases?

As células cancerosas que não têm controle e não respeitam e invadem os tecidos vizinhos, podem "escapar" e por caminhos como o sangue ou linfáticos. Ao chegarem em outras partes do corpo, essas células podem originar novos tumores (parecidos ou iguais aos tumores mães). Cada tipo de câncer apresenta uma predileção por determinados órgãos. Os pulmões, o fígado, os ossos, o cérebro e os gânglios linfáticos são geralmente as localizações preferenciais de metástases.

Como o medicamento age?

Os quimioterápicos entram pela corrente sangüínea e circulam por todo o corpo. Eles destroem as células cancerosas porque bloqueiam a capacidade dessa célula em se dividir sem controle. Infelizmente, esses medicamentos não atingem todas essas células cancerosas e, além disso, atingem também células normais. Isso pode causar efeitos colaterais (diarréia, anemia, queda dos cabelos, feridas na boca, etc.), temporários e tratáveis pelo médico e enfermagem. As células normais atingidas tendem a voltar a ser como antes com mais facilidade que as células doentes. Entendemos que a cada período que você recebe a medicação, um grande número de células cancerosas são destruídas e assim você precisará de 3,4,5,6,7 ou 8 ciclos para tentar completar a destruição de toda a população de células cancerosas.

Como o medicamento é aplicado?

A quimioterapia pode ser dada pela boca, injeção no músculo, injeção embaixo da pele ou injeção na veia. A aplicação por via intra arterial ou topicamente é reservada para localizações e tipos especiais de tumores. Segundo o esquema proposto pelo médico você poderá tomar um ou vários medicamentos em horários diferentes. Sempre com informação e orientação como tomá-los (horários, jejum, alimentos apropriados).

A medicação venosa é acompanhada de hidratação na veia do braço, onde após é dado o quimioterápico que pode levar algumas horas até alguns dias. Se tiver duração de algumas horas poderá ser feito no ambulatório caso contrário deverá ser internado no hospital.

Por que tenho que fazer quimioterapia várias vezes?

Vai depender de cada caso e do tipo de medicamento que será usado. Toda sessão de quimioterapia tem um período de descanso, de modo que você terá a maior parte desse tempo em casa. Esse período de descanso permite que o seu corpo se recupere e que você se restabeleça para a próxima sessão.

Vai durar muito o meu tratamento?

Cada caso é um caso. Cada paciente tem o seu roteiro de tratamento, basicamente individualizado. Não há uma regra fixa para isso. A avaliação do médico é constante para medir a sua resposta ao medicamento. Cada paciente responde de forma diferente. O importante é você estar consciente que o tempo pode ser maior ou menor dependendo da resposta ao tratamento.

A quimioterapia vai doer?

A quimioterapia NÃO dói! Como qualquer outra medicação ou como qualquer outro exame de sangue, dependendo de quem aplica a injeção ou faz a punção da veia. Quando você já está tomando a medicação e começa a sentir dor na veia ou braço, pode ser que esteja havendo extravasamento da medicação; chame a enfermeira ou o médico para se tomar as providências necessárias. Não é para se sentir inseguro ou com medo, pois até uma injeção de glicose na veia poderá trazer dores se a agulha não estiver adequadamente posicionada no interior da veia.

Quais são os efeitos colaterais da quimioterapia?

Em cada paciente as reações são diferentes podendo variar de tratamento para tratamento. Se houver algum tipo de efeito colateral devemos lembrar que são temporários e tenderão a desaparecer aos poucos, sempre naquele período de descanso em que falamos acima. As regiões que podem ser afetadas pela medicação são áreas em que suas células se dividem com frequência, como é o caso da mucosa ( revestimento) da boca, a mucosa do estômago e intestino, a pele, o cabelo e a medula óssea (onde produzimos sangue). NÃO SE AUTO MEDIQUE E INFORME SEMPRE O SEU MÉDICO QUANDO APARECER QUALQUER MANIFESTAÇÃO CLÍNICA QUE NÃO EXISTIA ANTES DO INÍCIO DO TRATAMENTO. Um dos efeitos colaterais mais graves da quimioterapia é a redução muito acentuada dos glóbulos brancos. Nesta circunstância, você ficará muito vulnerável a infecções que podem se tornar excepcionalmente graves. EM CASO DE FEBRE, SANGRAMENTO, DIARRÉIA OU VÔMITOS, PROCURE SEU MÉDICO.

Alguns medicamentos podem causar inflamação da mucosa da boca, seguida de ferida ( úlceras) e dor quando se come alimentos salgados ou com condimentos. Isso acontece após 5 a 10 dias do uso da medicação, mas com o cuidados locais, higiene da boca e dentes, delicadamente várias vezes ao dia, com o uso de escovas dentárias super macias e pastas de dentes não abrasivas, os sintomas devem melhorar. A limpeza de dentadura deve ser feito várias vezes ao dia para se evitar uma colonização excessiva de bactérias e fungos. Não se recomenda o uso de antissépticos bucais industrializados pois eles alteram a flora bacteriana normal da boca e podem criar condições para o desenvolvimento de germes mais resistentes. Bochechos com água filtrada com uma pitada de bicarbonato de sódio ou sal de cozinha, várias vezes ao dia, é o melhor meio de se manter a cavidade bucal limpa. Evitar o uso de bebidas alcoólicas e fumo, comidas com pimenta ou molhos fortes. Não utilize bebida muito gelada ou muito quente. Os alimentos devem ser de deglutição fácil. E, o mais importante: beber líquidos à vontade ao dia, assim como o uso de gelatina e sucos naturais.

Os efeitos colaterais mais importantes no estômago e intestinos são a náusea, o vômito e a diarréia. A utilização atual de alguns medicamentos de forte ação inibidora do reflexo dos vômitos, tornou este efeito colateral mais suportável. Porém, quando presentes, podem aparecer após o uso da medicação ou mesmo durante a aplicação do quimioterápico, tendo a duração de poucas horas ou dias. Para ajudar a controlar as náuseas e vômitos sugerimos não entrar na cozinha quando se sentir nauseado(a), evitando cozinhar e comer frituras ou gorduras. Se alimente com pequenas quantidades de alimentos várias vezes ao dia, pequenos lanches, mastigando bem a comida que deve ser oferecida à temperatura ambiente e ser de fácil deglutição. Beba muito líquidos, em pequenos goles e que seja saboreado e com prazer o que você realmente gosta de tomar (suco, leite, chás, água).

Se tiver diarréia, coma menos fibras (bagaço de laranja), evite frutas como mamão, evite verduras verdes e cozidas.

Se tiver com prisão de ventre, além de beber muito líquido, gelatina, água, deve comer frutas, vegetais, fibras. O uso de supositório de glicerina deve ser usado de 8 em 8 horas e 1 colher de sobremesa de óleo vegetal (soja).

Alguns medicamentos podem afetar a pele, podendo torná-la seca, mais escura e mais sensível à luz do sol. Deve-se proteger com filtro solar quando exposto ao sol (principamente das 10:00 h. às 15:00h.). Devendo tomar dois banhos ao dia com sabonete de glicerina e hidratantes. As regiões como pênis, vagina, ânus deve, sempre que possível, serem lavadas com sabonete de glicerina (não sendo aconselhável o uso de papéis higiênicos). As unhas devem ser cortadas com frequência e podem se apresentar quebradiças e com algumas linhas brancas no seu leito.

A queda do cabelo poderá acontecer, mas não é um acontecimento definitivo. Alguns medicamentos causam maior queda de cabelo que outros e é dependente da dose e da associação de drogas. A queda de cabelo ocorre após algumas semanas do uso da medicação e voltam a crescer após 1 ou 2 meses de interrupção de quimioterápico. O novo cabelo pode ter textura e tonalidade diferente do anterior. Os pêlos do corpo e das partes íntimas também podem cair. Sobrancelhas e cílios podem cair também. Não há, até o momento, nenhuma medida de comprovada eficácia que possa prevenir a queda de cabelos

Deve-se pentear o cabelo com escova macia e delicadamente. Use produtos que hidratem o cabelo. Lave o cabelo a cada 3 ou 4 dias. Não pinte o cabelo. O corte do cabelo deve ser curto. Use um lenço sobre a cabeça, boné ou chapëu, para segurar os fios de cabelo, para não caírem na roupa, lençol ou na mesa de refeições. A escolha de uma peruca pode ser vantajosa dependendo da vontade do paciente.

A quimioterapia vai mudar a minha vida?

Dependerá, em parte, de você. Se o seu trabalho habitual não o torna muito exposto a ambientes contaminados, nem exige esforço fisico exagerado e você se sente com vontade de trabalhar... trabalhe! Sempre com cuidado para não ferir-se e não chegar ao ponto de exaustão. Não deve se afastar dos familiares, amigos e parentes. Prepare-se para visitas, com um bom descanso antes...reservando sua energia para a hora da conversa. Se planeja almoçar ou jantar fora, tome a medicação necessária para enjôo e escolha a comida. Não tenha vergonha de ser questionado a respeito de seu tratamento. Fale como você falaria sobre qualquer doença. Tente não perder a confiança e a esperança e, se você se sentir cansado ou desanimado, compartilhe esse sentimento com seu médico e com as pessoas que você mais goste. Uma conversa franca e honesta diminui as distâncias e torna mais fácil o relacionamento. Omissões, meias verdades, disfarces e mentiras vão, pouco a pouco, conduzindo ao isolamento ao construir uma barreira que pode ser difícil de superar

Minha fertilidade e atividade sexual?

Por causa da própria doença e por ação da quimioterapia a vida sexual do paciente pode ser prejudicada. Alguns quimioterápicos alteram a fertilidade em caráter permanente e, outros, de maneira reversível. Entretanto, todos os quimioterápicos apresentam um potencial mutagênico que atinge as células germinativas e, por esta razão entre outras, a gravidez deve ser evitada pelo uso de preservativos durante o tratamento e até seis meses após o seu término. Se o paciente for do sexo masculino e houver a possibilidade de desejar ter filhos no futuro, deve-se considerar a possibilidade de coleta de esperma antes do início da quimioterapia e armazenagem num banco de sêmen.

Cuidados gerais

Avise ao médico ou a enfermeira se você apresentar febre ou qualquer sinal de infecção ou sangramento. Evite estar em ambientes fechados ou aglomerados com pessoas gripadas ou doentes. Fique ao ar livre, principalmente pela manhã, com caminhadas e exercícios. Evite contato com animais, aves e, especialmente, com suas secreções. Descanse após às refeições. Evite o nervosismo e a discussão. Leia, ouça música, converse com várias pessoas e evite o isolamento. Evite muitos compromissos que o deixem angustiado.

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